SÓ OS PATIFES ENTENDEM ASSIM
Uma investigação do Ministério
Público de Santa Catarina revelou que o ex-secretário municipal de Obras de
Blumenau Alexandre Brollo usava dos benefícios de seu cargo e da estrutura da
pasta para trabalhar na campanha do candidato a vereador Fábio Fiedler (PSD),
do mesmo grupo político do prefeito da cidade na época, João Paulo Kleinubing
(PSD). Segundo Brollo ia visitar os eleitores de Fiedler em horário de
trabalho e usava o celular funcionar e o carro oficial em campanha.
Para o órgão, há indícios de que o
ex-secretário praticou três crimes: peculato apropriação, compra de votos e
improbidade administrativa. Brollo chegou a se afastar do cargo por 80 dias
para coordenar a campanha do candidato, mas as práticas foram flagradas antes
que ele saísse do posto. Depois do afastamento, ele continuou a usar
funcionários e a estrutura da pasta, organizando até reuniões dentro do prédio
da Secretaria, em função da campanha eleitoral.
"Interceptações telefônicas
autorizadas pela Justiça, que constam na apuração de pelo menos 3.500 páginas,
mostram indícios de práticas criminosas como fraudes em licitações, contratação
de funcionários fantasmas, desvio de recursos e equipamentos do poder municipal
e uso de cargo público para o favorecimento de particulares. Em 2012, o esquema
teria alimentado o caixa de campanhas eleitorais", explica a reportagem do
portal UOL.
Em uma das conversas interceptadas
pela Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado),
ocorrida em 26 de junho de 2012, um interlocutor não identificado se queixa a
Brollo sobre Fiedler, que havia questionado a aprovação de R$ 1,4 milhão na
Câmara Municipal para a compra de vacinas contra a gripe A. Para o vereador,
não teria como distribuí-las. Sobre o assunto, Brollo respondeu que "o
povo tem que se foder".
Outras ligações flagram o ex-prefeito
Kleinubing ordenando a Brollo que criasse um documento falso para simular um
processo de dispensa de licitação. Seu interesse era que a empresa municipal
URB recebesse R$ 30 milhões do Badesc, Banco de Desenvolvimento do Estado de
Santa Catarina. A verba seria usada para executar obras de pavimentação em
Blumenau, mas os projetos sequer estavam prontos. O então prefeito ordenou para
seu secretário que os inventasse. Hoje presidente do Badesc, Kleinubing nega as
acusações.